segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Pisco do Bosque




    Era uma vez...ou duas ou três,  um pequeno passarinho que voava pelo bosque, todos os dias do mês.
Era dia de conversa, o bosque estava agitado. Num ramo de  pinheiro, o corvo e o gaio , falavam lado a lado. O pequeno passarinho, não parou para falar, bateu as suas asas e continuou a voar.
Era dia de festa, o bosque estava animado. Junto à toca do Esquilo, a Raposa e o Lobo cantavam um fado. O pequeno passarinho, não parou para cantar, bateu as suas asas e continuou a voar.
Era dia de banquete, o bosque estava esfomeado. Na clareira iluminada, os esquilo comia consolado. O pequeno passarinho não parou para petiscar, bateu as suas asas e continuou a voar.
Era dia de brincadeira, o bosque estava cansado. No ninho fofinho, o pisco bebé dormia aconchegado.  O pequeno passarinho não parou para descansar, bateu as suas asas e continuou a voar.

Chegou à casa do João. Poisou no peitoral, bateu com o bico na vidraça e pediu para entrar.
O João alegrou-se,  começou a assobiar, tinha um bom amigo passarinho que o vinha visitar!
O Pisco abriu o bico, e começou a falar:


Pelo bosque, eu bem vi: Gaios e Corvos a falar,
Estava curioso, mas não quis parar.
Pelo bosque, eu bem vi: A Raposa e o Lobo a cantar,
Estava encantado, mas não quis parar.
Pelo bosque, eu bem vi: O esquilo a petiscar,
Estava com fome mas não quis parar.
Pelo bosque, eu bem vi: o bebé a descansar.
Estava cansado, mas não quis parar.
O João, curioso, não passou sem perguntar:
Viste tantas coisas belas e amigos a brincar, viste flores amarelas e alegria pelo ar. Mas afinal, o que te impediu de parar e lá ficar?
O olhar do pisco entristeceu, viu que o amigo afinal não percebeu.
Resolveu explicar:
 - A borboleta mensageira poisou no meu ninho e com voz  triste sussurrou-me baixinho.
“O João está doente, precisa do teu carinho.”
Não demorei muito a espreguiçar, levantei-me num saltinho e começei a voar!
Vi maravilhas no bosque mas nenhuma me fez parar pois o meu coração sabia que te tinha de encontrar.
O João sorriu e voltou a assobiar, o seu amigo passarinho tinha-o feito melhorar.
Pegou na sua almofada e com jeitinho fez um ninho.
 - Anda cá passarinho, agora podes descansar. 

Este conto foi publicado na  revista coisas de criança 

1 comentário:

  1. É tão bom ser criança e poder ouvir este belo conto, obrigada a escritora Ana Catarina, um conto de encantar, parabéns e continua a escrever, bjs.

    ResponderEliminar