sábado, 1 de setembro de 2012

Final de Festa

Uma vista de olhos pelo salão: a mesa desarrumada, a loiça por lavar. Vestígios de um tempo de convívio; breve e curto -mas intenso. No ar ainda fica o perfume da noite, suave e delicado que acaricia o rosto com prazer...com o cálido prazer que percorre os sentidos...lentamente, na penumbra, à luz do farol; fecha os olhos: o calor chega até aos ossos. Foi assim que entrou o amor, não esperou saber a resposta (bastou sentir); um dia entrou: nem bateu à porta!

-Eu te conheço, sei quem és, cresces-te comigo!!!

Lembrei-me: fiquei calada! O silêncio diz muito, quando não se quer ir mais além do permitido...

-Sei, sim! Há tanto tempo não sei de ti.

O mar separa o tempo -uma barreira imaginária-, até parecia que ele era de outra galáxia! Nem sei como reagi...fiquei só a escutar. Devagar deixei passar por mim um banho de emoções.
Como não lembrar-me das festas amenas: todos à mesa; todos na brincadeira! E eu observando tudo...

Os seus olhos abriram-se, viu-me, eu estou aqui à distância do tempo; a encurtar o caminho; a tentar viver e sentir; a salvar a minha pele.

-Dá-me um abraço, sim e fala-me de ti! Se nesse tempo todo a vida te sorriu? Se nesse tempo todo a vida te virou as costas?

E num instante surgiu à minha mente aqueles momentos cruciais: um; dois; três. É o segundo de três; fala de tudo sem parar. A vida parou -no tempo em que os sonhos se perderam-, depois recomeça ao virar da esquina no reencontro desse tempo; tempo de pensar que existo e que por isso a vida é bela.

-O que é feito da tua vida?

-O que a vida fez de mim!

Brindemos pela vida -que nos leva pela mão-, pensamos nós cumprir uma metas e obter o trunfo desejado, mas a vida, que é sábia, segue o rumo do horizonte: deixando sinais para quem os souber ler.

Toca uma valsa devagar, já não está ninguém, todos saíram! As gargalhadas ficaram no espaço, um a um os convidados se despedem, os anfitriões estão cansados. A música no fim...quando todos saíram: ficamos nós a dançar essa valsa!

O Danúbio de nós os dois, o Azul fica mais escuro, cada nota musical regala a sua harmonia; não há ninguém a espreitar: a sala ficou maior...uma dança com prazer; um sorriso de querer. Que importa se é final de festa! Que não haja nada para comer! Que importa que todos nos deixem...tu e eu já somos dois, dançamos ao mesmo som, cada um como quiser, ninguém repara se está mal. O mal afasta o prazer; o querer vence o medo, medo deste final, que pode ser só o começo de um conto de fadas.

Maria João FS.
23 de Agosto de 2012.

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