domingo, 11 de março de 2012

O Caminho

Largo de São Francisco em Faro
No caminho curto da vida às travessas, faço sem pensar o que preciso para viver num dia qualquer, numa manhã igual as outras.

Num gesto banal puxo a persiana, afasto o cortinado e deixo passar o sol, o pequeno almoço a dois decorre sem sentido, ou mais, com o grande sentido de alimentar o corpo da energia vital e descobrir que a vida corre o risco de passar todos os dias por igual.

Em cada passo dado me empurro lentamente, em cada gesto diário descubro que sou gente, um, dois, três e mais minutos sem fim separam esta vida de um mundo irreal, o ar que respiro entra e sai de mim lentamente ao ritmo de cada passo até chegar ao fim.

Visão do dia a dia igual a muitos dias, passa a estrada da vida numa passadeira branca, o tempo corre veloz e não espera por mim, num mundo a correr são muitos os que me acompanham, neste solitário caminho que é só uma forma de viver, me acompanham adultos e crianças de todas as cores e tamanhos cada uma com o seu mundo, cada uma com um pensamento, cada uma com um sonho.

Chego ao meu destino e muda o cenário, o palco já é outro, o público espera, uns, vestidos de gala outros de dor infinita à espera que o sol brilhe a todos por igual.

O caminho chega ao fim e começa a melodia, com vozes diferentes, agudas e graves que deixam ver as almas, numa melodia cantada ao som de uma lágrima, de um sorriso, de um beijo ou de uma despedida, uma melodia com cheiro a dor, com cheiro a esperança de viver cada minuto como um minuto qualquer, uma dádiva de vida para ajudar a viver.
Mariajoao em 06/03/2012

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